Da peregrinação à Nossa Senhora d’Ajuda até a fundação da cidade de Eunápolis

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Como várias cidades do Nordeste, ela também nasceu do local de descanso de romeiros que vinham de Minas Gerais e do agreste baiano em busca de reverenciar a Nossa Senhora d’Ajuda e, também, buscar a cura na fonte milagrosa. A pé ou a cavalo, pertences presos aos arreios, famílias inteiras, gentes de todas as idades, faziam suas peregrinações até Arraial d’Ajuda, para o ato de fé e tradição.

Romaria de Nossa Senhora d’Ajuda que parte de Eunapolis até o arraial – Foto: Arquivo

Eles paravam na Nova Floresta para repousar, se alimentar, beber água pura do Rio Buranhém e dar comida e bebida aos animais. Aqui compravam e vendiam objetos que usariam na viagem, cuidavam dos animais, contavam história de milhares e descansavam à sombra das árvores nativas.

A fé na padroeira de Porto Seguro é o que movia os fiéis que em julho deixavam suas cidades para cruzar a divisa de Minas Gerais com a Bahia, pernoitando em fazendas ou em picadas até chegar ao santuário, para onde continuam seguindo com muita fé, fazendo agradecimentos e pedindo benções à mãe de Jesus.

A mais de 470 anos, este movimento tradicional se repete todo ano, no início de agosto, mantendo ativa uma rota primitiva que foi trilha indígena, caminho de fiéis, picada de tropeiros. A primeira rota que ligava a região de Minas Gerais até o litoral.

Assim nasceu o Ponto dos Quatro. Parada obrigatória desses viajantes fazendo com que tropeiros, mascates e moradores de suas redondezas trouxessem suas mercadorias para negociar com aqueles que por ali constantemente passavam.

Mas tarde, a transformação das antigas picadas por estradas de rodagem, provocou o surgimento do povoado. Aqui se construiu uma capela para ouvir as missas rezadas pelo Padre Emiliano. O povoado foi crescendo e se transformando, acolhendo novas gentes, recebendo novos títulos, até que em que alguém resolveu chamá-la de maior povoado do mundo, e ela, sendo de fé acreditou.

Vista do alto, a igreja de Nossa Senhora d’Ajuda, no Porto Seguro

Com a festa de inauguração de um trecho da estrada, no dia 5 de novembro de 1950, o progresso chegava e era bem recebido, impondo ao antigo assentamento de trabalhadores, o posto de um novo e bem sucedido entreposto comercial. O crescimento comercial provocava o progresso individual dos moradores e o desejo de tornar-se grande, como se vaticinou antes.

E assim, do entroncamento das BR 101 e 367, Eunápolis como foi batizada em homenagem a um dos seus benfeitores, tem na sua história a construção e o desenvolvimento voltados para o comércio que cresceu extraordinariamente em função da sua posição estratégica no novo eixo que se implantava, tornando-se a principal cidade da microrregião, por muito tempo até mais famosa que as duas que lhe deram origem.

Com o coração e a esperança fincados no novo chão, ela logo se tornou a cidade de todas as gentes e de todas as bandeiras. O antigo repouso de romeiros, agora assume a pose de uma nova e pequena metrópole, que logo entendeu seu papel como passagem para todos os cantos do país e por isso não se surpreende mais com os novos rumos do seu destino traçado pelo encontro de tantas estradas, tantas vidas, tantas histórias e tantos sonhos…

Hoje, 5 de Novembro, digo a todos, Salve Eunápolis, pedaço de chão abençoado, terra generosa e bendita aonde pessoas como eu, chegou em busca de uma nova vida e que hoje esperamos que sejamos dignos de seu nome e para que possamos nos orgulhar de te chamar de mãe.

Hoje é dia de agradecer à cidade pela acolhida, pelo amor, pela ternura e por sua generosidade. Obrigada à cidade que abrigou a mim e a todos os meus filhos.

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