POR ÓPERA MUNDI – Vacinar contra a covid-19 funciona e o Brasil tenta, agora, correr atrás do tempo perdido. Países que avançam rapidamente na vacinação, como Israel e os Estados Unidos, registraram uma importante queda no número de mortes no último mês e começam a ver luz no fim do túnel.
Já o Brasil caminha mais devagar em uma campanha marcada pela escassez de vacinas e por decisões atrasadas e por vezes erráticas do Governo Jair Bolsonaro. Os pouco mais de 6,5 milhões de brasileiros já vacinados representam somente 3,1% da população brasileira ―para efeito de comparação, o Chile já vacinou 16% dos cidadãos.
Governadores, prefeitos, Congresso e empresários se empenham para driblar os obstáculos, muitos deles erguidos pelo próprio presidente, e acelerar a vacinação no Brasil —cientes de que só uma campanha de vacinação em massa fará a economia se recuperar o quanto antes.
A iniciativa mais recente é a formação de um consórcio de prefeituras para adquirir imunizantes. A ideia foi apresentada pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP), entidade que reúne as 412 cidades com mais de 80.000 habitantes, e já recebeu cem adesões. A participação no consórcio é aberta inclusive para municípios menores.
De acordo com Jonas Donizette (PSB), ex-prefeito de Campinas e atual presidente da FNP, a ideia é adquirir o maior número de vacinas possível, inclusive com recursos do Governo Federal. “Se conseguirmos os recursos do Governo Federal, todas vão para o Programa Nacional de Imunização (PNI). Se não, os municípios que entrarem com cota de participação receberão doses proporcionais ao investimento que fizeram”, afirmou ao portal G1.
Prefeituras tem até o dia 5 de março para manifestar interesse em aderir ao grupo. A iniciativa deverá ser formalizada nos próximos dias, com a criação de um CNPJ e a escolha de uma diretoria, de modo que o grupo fique apto para realizar as compras.
“Queremos que o Governo vá atrás de todas as vacinas. O que não pode são os prefeitos ficarem assistindo de braços cruzados”, defendeu Donizette.
A aquisição de imunizantes por parte de prefeituras e Governos estaduais tornou-se possível após uma decisão do Supremo Tribunal Federal na semana passada. O Governo Federal tem até meados de março para decidir se adquire 100 milhões de doses da vacina da Pfizer/BioNTech, que recebeu registro definitivo da Anvisa em 24 de fevereiro.
O Ministério da Saúde vem reclamando que algumas cláusulas de comercialização são abusivas, o que fez com que gestões estaduais, como a da Bahia, começassem a articular a compra.
Em entrevista ao jornalista Josias de Souza, do portal OL, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), assegurou que os 27 Governos estaduais estão empenhados em realizar compras conjuntas. A vacina russa Spunitk V também está no radar das autoridades estaduais. Está previsto que 18 governadores viajem a Brasília nesta terça-feira e visitem a sede da empresa União Química, que representa no Brasil a Sputnik V.