Referência no Candomblé, Maria de Sindoiá morre aos 74 anos

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Dona Maria em uma das festas do Ilê que ela mantinha no Bairro Sapucaeira -Foto: Arquivo Pessoal

Morreu no meio da tarde desta quinta-feira (18/07), na cidade de Eunápolis, a sacerdotisa Maria José Ferreira Souza, de 74 anos. Mais conhecida como Maria de Sindoiá, a ialorixá estava internada no Hospital Ames, para tratamento de pedras na vesícula, mas teve outras complicações.

Ela era viúva e deixa quatro filhos naturais, três adotivos, netos e mais dezenas de filhos do santo.

O enterro aconteceu na manhã desta sexta-feira (19/07) no cemitério Campo Santo, no Bairro Dinah Borges, onde houve uma Missa de Corpo Presente. Filhos, netos, noras, parentes, amigos e vários filhos do santo acompanharam a cerimônia.

Sacerdotisa do Candomblé, estudiosa e divulgadora da crença religiosa de matriz africana, Maria de Sindoiá era a líder religiosa, cultural e social do seus filhos. Ela sempre condenou o sincretismo religioso. Para Dona Maria, como era chamada, “candomblé é candomblé, catolicismo é catolicismo”.

Mas ela também era católica e dizia que não concordava com a fusão entre santos e orixás, “porque a fé na religião do axé não impede que seus iniciados pratiquem outras religiões”. Resumia.

Pernambucana, da cidade de Limoeiro, ela nasceu no dia 11 de maio de 1945. Mais do que uma sacerdotisa de um dos mais importantes terreiros de candomblé da região, aonde muitos foram iniciados por suas mãos, Maria de Sindoiá foi uma militante do resgate cultural de um povo. Eram famosas e muito concorridas as cerimônias religiosas que ela promovia, a exemplo do tradicional caruru de Iansã, em 4 no dezembro, para o qual acorria muita gente da sociedade local.

JUSTIÇA

Acusada de participar do assassinato do radialista Ronaldo Santana, em 1987, nos últimos anos ela viveu reclusa no Ilê que mantinha no Bairro Sapucaeira, e dizia que esperava pela “justiça de Xangô para conseguir partir em paz”.

No ano passado, depois de uma espera de 20 anos pela justiça, os jurados a absolveram da acusação. Na ocasião ela teria dito: “agora estou preparada para partir a qualquer momento, porque estou indo em paz”.

 

 

 

 

 

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