Universidades estaduais da BA enfrentam cortes no governo do PT

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Rui Costa, governador da Bahia – Foto: Ascom

Ao mesmo tempo que critica os cortes nas universidades federais promovidos pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), o governador da Bahia, Rui Costa (PT), redimensionou o orçamento das universidades estaduais, congelou salários e enfrenta uma greve de professores que completou um mês.

Entre 2017 e 2018, o governo baiano deixou de aplicar R$ 110 milhões —diferença entre o valor orçado e o empenhado— nas quatro universidades estaduais baianas, numa diferença de 4,2%. Se levados em conta só os recursos com custeio, voltados para a manutenção, o orçamento chegou a ter redução de até 27,8% do previsto.

O maior corte no custeio aconteceu na UEFS (Universidade Estadual de Feira de Santana), cujo volume de recursos caiu de R$ 65,9 milhões para R$ 47,7 milhões em 2018. Na Uneb (Universidade do Estado da Bahia), maior das quatro estaduais baianas, a queda foi de 14,4%: o orçamento inicial para custeio, que era R$ 119,2 milhões, caiu para R$ 102 milhões em 2018.

As restrições orçamentárias já atingem manutenção, custeio de terceirizados, desenvolvimento de pesquisa e atividades de extensão, afetando cerca de 60 mil estudantes. “Os impactos não são diferentes aos anunciados por todas as universidades públicas do país”, afirma Evandro do Nascimento, reitor da UEFS e coordenador do fórum de reitores das universidades estaduais da Bahia.

Na Câmara de Vereadores de Eunápolis, professores e alunos sensibilizam a população sobre o pleito da categoria – Foto: Divulgação

Ele afirma que as reitorias têm atuado de forma responsável na gestão dos recursos. Mas destaca que, ainda assim, tiveram de cancelar contratos e têm dificuldade de pagar os fornecedores em dia. Estudantes e funcionários se queixam das deficiências nos campi.

Na Uefs, por exemplo, a parca iluminação preocupa quem frequenta o campus à noite e restringe o funcionamento de alguns prédios. Um exemplo é o Museu Casa do Sertão, que possui um valioso acervo de documentos. O prédio, que deveria encerrar as atividades às 18h, tem fechado uma hora mais cedo — servidores que já foram assaltados temem cruzar o campus depois do pôr do sol.

Questionado sobre o assunto, o reitor informou que investiu cerca de R$ 500 mil em iluminação do campus. Além das verbas para custeio, os investimentos também tiveram uma queda brusca nos últimos dois anos. Em 2018, o orçamento inicial previa R$ 37 milhões para investimentos, mas foram liberados apenas R$ 8,1 milhões. Os salários de professores e servidores estão congelados desde 2015, o que resultou em uma greve que já dura um mês.

O governador cortou o ponto dos grevistas, e o caso foi parar na Justiça. “Vivemos o maior arrocho das últimas duas décadas”, afirma André Almeida Uzêda, coordenador do fórum da associação de docentes das universidades estaduais da Bahia. Em quatro anos, a falta de recomposição inflacionária resultou numa perda de 26,7% no poder de compra dos professores e servidores, que também reclamam que o governo tem restringido promoções e progressões salariais.

PARALISAÇÕES

Esta é a segunda greve nos 13 anos de governos petistas na Bahia. Em 2011, os professores ficaram 51 dias parados e também tiveram o ponto cortado pelo então governador Jaques Wagner (PT). Com um perfil moderado em relação aos seus correligionários do PT, o que inclui a defesa de parcerias público-privadas e apoio ao eixo central da reforma de Previdência, Costa anunciou um novo aporte de R$ 36 milhões para as universidades, mas diz não cogitar aumento salarial.

Ele tem dito que não pode reajustar os salários dos professores para não ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal. Entre janeiro e março deste ano, o Executivo gastou 45,64% do orçamento com pessoal; o limite prudencial é 46,17%.

Em nota, o governo informou que não houve contingenciamento nem cortes no orçamento das universidades e que cumpriu o percentual mínimo de gastos com educação estabelecido pela LRF. “Não houve redução de atividades ou cursos nas universidades, mas, pelo contrário, expansão nesses quesitos”, informou o governo, destacando que o orçamento das universidades estaduais cresceu 193% entre 2007 e 2018.

Sobre as demandas dos professores, o governo diz ter sido surpreendido com a greve e classificou como inexequível a pauta de reivindicação dos professores no atual momento econômico. Ainda assim, afirmou que vai encaminhar uma proposta de remanejamento de vagas que possibilitará a promoção de até 900 professores. FOLHA DE S. PAULO

 

 

 

 

 

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