Após seis dias de combate intenso, voluntários e brigadistas conseguiram conter os principais focos de incêndios que destruíram, segundo os indígenas, quase 40% da área da reserva do Parque Nacional e Histórico de Monte Pascoal, em Porto Seguro (BA). Além de devastar parte da Mata Atlântica e causar a morte de animais e aves, o incêndio ameaçava as aldeias dos indígenas da etnia Pataxós que moram na Unidade de Conservação (UC) de 22,3 mil hectares.
O professor indígena, Edimarcos Ponçada Santana informa que “a área atingida pelo fogo fica na divisa do Parque Nacional com os municípios de Itabela, Porto Seguro e Itamaraju. A região mais devastada [disse ele] pertence ao território de Porto Seguro, onde estão localizadas quase 14 aldeias indígenas como Boca da Mata, Meio da Mata, Pé do Monte, Cassiana, Corumbauzinho, Barra Velha, Xandó, Cujicão, Trevo do Parque”. Nominou.
As equipes de terra, formadas por quase 250 indígenas e mais 160 brigadistas do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), que administra a reserva, contaram com o apoio de 37 bombeiros militares da Bahia [sendo 10 especialistas em combate a incêndio florestal] e uma aeronave airtractor, disponibilizada pelo Governo do Estado. A brigada de combate da Veracel Celulose atuou um trator de esteira, para formação de aceiros, um carro pipa e um avião. Outro trator de esteira foi enviado pela Prefeitura de Porto Seguro.
CONTROLE
Em vídeo, distribuído nas redes sociais na tarde desta terça-feira (05/03), a chefe do PARNA Monte Pascoal, Cássia Saretta, comemorou o controle do fogo. Ela gravou as imagens na área e disse que estava com notícias positivas.
“A gente conseguiu combater o incêndio, tamo agora trabalhando na extinção completa dele. Hoje [05/03] a gente teve muito brigadistas na área: 160 pessoas trabalhando. Trabalhando duro desde muito cedo. Já chegamos aqui na área desde as 4 da manhã e tivemos também um combate muito efetivo porque tivemos muito apoio”. (Sic)
Saretta explica que o combate a todos os focos que ainda restam, apesar de já controlados, deve se estender pelos lados direito e esquerdo do Parque, aguardando ainda que “dê uma chuvinha” para reduzir a temperatura e molhar a vegetação.
Além das brigadas do Parque do Descobrimento e do Parque Pau Brasil, o ICMBio atuou com apoio de brigadistas da Coordenação do órgão, em Brasília, sendo dois especialistas em fogo, e o diretor do Instituto em Ilhéus. Declarou Cássio Saretta. “Conseguimos viabilizar coisas como enxada e pá, que estavam faltando em campo, porque temos muitos voluntários, gêneros alimentícios e combustíveis”. (Sic) Concluiu.
INÍCIO DOS INCÊNDIOS
O indígena Edimarcos Ponçada Santana lembra que “o primeiro foco surgiu no dia 28/02 e se espalhou, favorecido pelo vento e pelo tempo seco na região”. O foco inicial, que irrompeu na região do Rio Caraíva, próximo da Aldeia Boca da Mata, segundo Edimarcos, “foi controlado na noite de domingo, 03, após intensa atuação de brigadistas e voluntários, incluindo as mulheres, que em grupo de mais de 50 cozinham e distribuem a alimentação e água para os indígenas”.
Outros focos, no entanto, avançaram pela reserva, que abrange os municípios de Porto Seguro, onde o incêndio já fez mais estragos, Itamaraju e Itabela. “Por falta de meios para o combate, o fogo fugiu do controle e só pode ser controlado, pelo menos 90% dele, nesta terça-feira (05/03). “Não é possível dizer com certeza, mas acredito que uns 40% do parque já foram atingidos”, disse o professor pataxó.
Criado em 1961, o Parque do Monte Pascoal é uma das mais importantes unidades de conservação integral do sul da Bahia. Na unidade, está localizado o Monte Pascoal, primeira porção de terra brasileira avistada pela expedição de Pedro Álvares Cabral, em 1.500. A reserva abriga cerca de seis mil indígenas da etnia pataxó.