Já são cinco dias do fogo que consome duas extensas áreas de Mata Atlântica no Parque Nacional e Histórico de Monte Pascoal, em Porto Seguro (BA). Segundo comunicado da assessoria do ICMBio, em Brasília, o fogo atinge duas áreas. “Até agora são dois incêndios, um maior, na área central do Parque, e outro a leste da Unidade de Conservação (UC), em Corumbalzinho”.
A região está localizada no chamado ‘Sítio Histórico do Descobrimento’. O parque tem 22.500 hectares, sendo oito deles ocupados por cinco grupos indígenas da etnia Pataxó.
Desde a manhã de domingo (03/03) o trabalho de combate aéreo passou a contar com o apoio dos equipamentos da brigada da Veracel Celulose S/A. A empresa disponibilizou um avião, dois tratores de esteira, um caminhão pipa além de equipes por terra. Professor e voluntário, Edimarcos Pataxó comemora o controle das chamas na área central do Parque.
“Graças a Deus o fogo está mais controlado nesta segunda-feira [04/03] porque caiu um pouco de chuva na região e o avião da Veracel, desde ontem [domingo, dia 03] está jogando água para refrescar a mata e impedir o avanço das chamas. No chão contamos com o apoio de um caminhão pipa e mais homens”. Informou.
Ainda não se pode precisar o tamanho da área que já foi consumida pelo fogo. Edir Pataxó calcula que algo em torno de 30 tarefas foram queimadas.
ACEIROS
Também na manhã desta segunda-feira (04) dois tratores de esteira passaram a dar apoio às equipes de combate por terra. O objetivo deste trabalho, segundo Edir, é cercar as áreas queimadas e evitar que o fogo ultrapasse os aceiros que foram abertos pelos brigadistas do ICMBio e voluntários.
“Os tratores são importantes para evitar um movimento chamado de requeima. Eles impedem que as chamas ultrapassem as picadas na mata”. Detalhou. “O cuidado agora é redobrado”.
SECA E VENTOS FORTES
Outro voluntário no combate ao incêndio, o diretor de projetos do grupo ambiental Natureza Bela, Marcos Lemos, confirma que o trabalho é intenso. Ele destaca o envolvimento determinante das comunidades indígenas que moram na área do Parque Nacional e Histórico Monte Pascoal.
“Desde o sábado (02/03) aumentou muito o número de voluntários. Todas as comunidades indígenas do parque estão trabalhando no combate. Neste momento estamos com 250 voluntários, fora as brigadas do ICMBio e Veracel. Muita gente está se engajando, doando equipamentos como pás e enxadas, combustível para as motosserras e alimentos.”
METODOLOGIA
Apesar de todos esses esforços, o ambientalista de Itabela reconhece que o combate ao fogo nessas condições de temperaturas altas do verão intenso e ventos fortes tem sido muito difícil. “As condições climáticas favorecem à propagação das chamas. Estamos em período de longa estiagem, torcendo para que a chuva chegue, porque o vento e o material seco facilitam que o fogo se espalhe.”
Por meio de um vídeo os brigadistas direcionam o trabalho de combate em campo. “Fizemos o desenho da área que está sendo queimada para demonstrar as estratégias utilizadas com vistas à abertura de aceiros que cercam [isolam] os dois focos do incêndio dentro do Parque”, explicou Marcos Lemos.