O crime compensa. Pelo menos quando a vítima é um jornalista

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Por falta de provas consistentes, juri absolveu os quatro acusados de mando – Foto | Radar64

O final do júri popular que poderia desvendar os nomes dos mandantes do assassinato do jornalista Ronaldo Santana de Araújo, ocorrido em 9 de outubro de 1997, frustrou, novamente, as expectativas de toda a categoria, que esperava ver pelo menos desvendando os nomes dos autores intelectuais. Os quatro acusados foram absolvidos, diante do entendimento, da maioria dos jurados, da falta de provas consistentes.

Sem resposta, portanto, chega ao fim, o julgamento que foi postergado durante 21 anos, muitas vezes com recursos apresentados por alguns dos acusados.

Um inquérito que já nasceu pífio e terminou com uma sensação que, pelo menos no Brasil, matar jornalistas é um crime que compensa.

Aliás, nunca é demais lembrar que o Brasil é o sexto maior país do mundo em assassinato de jornalista. O primeiro lugar está a Síria, um país em guerra declarada, porque a nossa é escamoteada.

A morte de Ronaldo Santana aconteceu no dia 9 de outubro de 1997, na Rua Oeste, no Bairro Gusmão, em Eunápolis, quando o profissional, de 38 anos, se dirigia a rádio Jornal AM, na Avenida Duque de Caxias, no centro da cidade, onde apresentava um programa jornalístico ao estilo do Fala Povão, pela manhã.

Ronaldo Santana – assassinado em 1997 – Foto: Arquivo

Ele era um crítico ferrenho do então prefeito Paulo Dapé. Agora, absolvido pelos jurados.

Ronaldo Santana de Araújo foi assassinado na frente do filho, à queima-roupa, às 06:40h da trágica manhã de 9 de outubro de 1997, na semana que acontecia o novenário da festa de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, bem como o Dia das Crianças, em 12 de Outubro.

Consta que ele estava organizando uma programação festiva no distrito da Colônia, em parceria com o ex-policial Paulo Sérgio Mendes Lima, o único que pagou pena de 19 anos pela morte do jornalista.

Paulo Sérgio foi também quem apontou quatro pessoas como mandantes do crime. Quatro tiros silenciaram a voz de um pai de família, um cidadão de bem, um jornalista que apenas fazia seu trabalho.

Não tiraram apenas sua vida. Afrontaram a liberdade de imprensa e cassaram a liberdade de expressão, covardemente. Um crime encomendado. Agora temos a certeza de que nunca saberemos por quem.

Jornalista Manoel Leal – Foto | Sabino Primitivo

O caso da morte do jornalista Manoel Leal, em Itabuna, é semelhante ao assassinato de Ronaldo Santana. Apenas o ex-policial Mozar Brasil, apontado como o autor dos disparos, foi preso. Suspeita-se que o crime contra Manoel Leal foi a mando de políticos.

Como o Estado foi incompetente ou não quis desvendar o crime, finalizou o processo, condenando apenas o atirador e indenizando a família.

Jeolino Lopes Xavier, o Gel Lopes, foi assassinado em 27/02/2014 – Foto: Liberdade News

Outro crime mais recente vitimou outro jornalista: Jeolino Lopes Xavier, o Gel Lopes, foi assassinado no dia 27 de fevereiro de 2014, na Rua da Pituba, em Teixeira de Freitas. Já se passou quatro anos e três meses do crime que até agora continua sem solução.

 

 

 

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