A declaração dada por Jaques Wagner (PT) anteontem durante uma manifestação pró-Lula em Curitiba repercutiu entre os petistas baianos. Em entrevista a jornalistas, o ex-governador da Bahia ventilou a possibilidade de a legenda da qual faz parte abrir mão da cabeça de chapa e se aliar a outro grupo na corrida ao Palácio do Planalto, em 2018.
Ele não descartou a hipótese de o PT fazer uma aliança com Ciro Gomes (PDT), considerado atualmente um dos pré-candidatos mais fortes da centro-esquerda. O presidente do PT na Bahia, Everaldo Anunciação, defendeu o diálogo.
“Nós devemos conversar com Manuela D’Ávila, Guilherme Boulos, com o PSB… E também com os partidos que centro. Não podemos fazer política sozinhos. Precisamos, primeiro, construir um programa de governo que possa recolocar o Brasil na linha do desenvolvimento com distribuição de renda. É por isso que é importante o diálogo que Wagner propõe nesse sentido”, disse à Tribuna.
O líder baiano diz que o partido tem “responsabilidade de construir uma candidatura vitoriosa” para implementar um programa governo pró-esquerda: “Claro que nós temos uma situação excepcional que é a prisão de Lula e a tentativa do impedimento. E nós temos que continuar construindo esse diálogo com os partidos. Acho que temos que continuar acompanhando a conjuntura, mas não podemos desassociar daquilo que a sociedade está dizendo: quer Lula de volta”.
Everaldo também assevera que “o PT não pode ser o dono da verdade”. “Não pode ter uma posição única. Temos que construir junto com os partidos, sempre em sintonia com o que o povo está dizendo sobre as eleições e com a tarefa principal de defender a bandeira do ‘Lula Livre’”.
Ele defende que os petistas abram mão da cabeça de chapa para barrar o avanço da direita no Brasil. “Acho que se essa for uma alternativa para o Brasil não continuar fora dos trilhos como está hoje, com o MDB, o DEM, o PSDB e a turma de Bolsonaro, nós podemos fechar esse debate. Acho que o PT não pode estar fechado ao debate. Agora, a principal tarefa que o PT é tratar da liberdade de Lula”, finalizou.
Aos jornalistas, Jaques Wagner ainda defendeu a alternância de poder. “Sempre defendi que, após 16 anos, estava na hora de ceder a precedência. Sempre achei isso. Não conheço na democracia ninguém que fica 30 anos. Em geral fica 12, 16, 20 anos. Defendi isso quando o Eduardo Campos ainda era vivo. Estou à vontade neste território”, disse ele na ocasião. POR TRIBUNA DA BAHIA.