Qual a relevância do apoio de Dapé a esse ou aquele candidato nas eleições de outubro?

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Ex-prefeito Paulo Dapé – Foto: Arquivo

Esta semana, “em alto e bom som” [esta frase é do repertório dele] o ex-prefeito Paulo Dapé mandou um recado a um site da região, informando que “não vai apoiar Neto Carlettinho” [sobrinho do deputado federal Ronaldo Carletto] em uma provável corrida à vaga do tio na Câmara Federal.

Na mesma mensagem ao site, Dapé acrescentou que tem nada contra o Carlettinho, mas, seu interesse é ver Eunápolis e toda região sendo desenvolvida de forma que agradaria toda população do extremo sul e ainda que, em tempo oportuno, deve anunciar ao público os nomes dos seus candidatos.

Em resposta a um site de Itabela, Dapé afirma que não apoia Carlettinho – Foto: Reprodução

Pergunta-se. Que importância tem Paulo Dapé para que seu apoio seja desejo de consumo desses ou daquele candidato?

Muita. Senão vejamos:

Como nenhum outro, Paulo Dapé é o maior sobrevivente da política local. Fora do poder desde 2000, ou seja, 18 anos sem mandato, ele perdeu para o atual prefeito, em 2004 por apenas 34 votos, em circunstâncias de compra de votos cuja demanda foi parar na justiça, onde perdeu por falta de estrutura para manter-se numa briga desigual.

Em 2008 protagonizou um episódio curioso. Apesar de estar com a candidatura cassada pelo TRE, Paulo continuou dizendo o contrário ao seu eleitor e ainda assim obteve quase 18 mil votos que foram descartados pela Justiça Eleitoral.

Ou seja, a narrativa de Paulo Dapé ainda é convincente para o eleitor local.

Antes disso, Paulo Dapé praticamente carregou nas costas a campanha de Jacques Wagner em Eunápolis, em 2006, já que o PT na cidade não detinha musculatura suficiente nem representatividade para encampar uma campanha com aquela envergadura, capaz de ganhar do esquema carlista já no primeiro turno.

Com a mulher, Cordélia Torres, advogada e provável candidata a deputada estadual – Foto: Reprodução Redes Sociais

O prefeito na época, Robério Oliveira, pediu votos para Paulo Souto, Fábio Souto e Carlos Gabam (respectivamente governador, deputado federal e deputado estadual) e viu todos eles amargarem uma derrota local para os candidatos de Paulo Dapé.

Em 2012, com direitos políticos já definitivamente cassados, Paulo Dapé lança a mulher dele, Cordélia Torres, como candidata a prefeita numa campanha onde era impossível ganhar de um Robério com um candidato muito bem avaliado quanto Neto Guerrieri, e mais o apoio do governo do estado, já que Robério mudou de lado, passando a apoiar o PT.

O resultado, contudo, não foi uma derrota. A praticamente desconhecida Cordélia obteve metade dos votos, em números aproximados, de Neto Guerrieri: 65,59% contra 31,54%.

Na campanha seguinte Cordélia se aproximou do já desgastado Robério Oliveira e chegou a ameaçar o estafe de campanha, desesperado com o crescimento da adversária, especialmente nas áreas periféricas mais sofridas e esquecidas de Eunápolis.

Resultado final foi Robério com 46,13% dos votos contra 37,58 de Cordélia Torres. Em números absolutos: 24.453 mil contra 19.917.

Portanto, se tem algum político mais vivo nesta política local é Paulo Dapé. E seu apoio tem ainda muita importância sim, para qualquer candidato. E digo isso sem nenhum favor.

 

 

 

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