O Brasil é um dos países que mais mata jornalista no mundo. O primeiro lugar é a Síria. Nós somos o 6º. Jornalistas continuam sendo mortos por investigar e denunciar. Por publicar histórias subterrâneas de corrupção política, violência policial e outros crimes contra a cidadania. Enfim, por exercer a sua profissão.
Entre 2012 e 2016, 29 jornalistas foram assassinados no Brasil. É uma longa lista associada à impunidade. Basta dizer que somente 10% dos casos são resolvidos.
Um desses casos aconteceu no dia 9 de outubro de 1997 na cidade de Eunápolis, no Extremo Sul da Bahia.
O ex-prefeito da cidade, Paulo Ernesto Ribeiro da Silva, um vereador, Valdemir Batista de Oliveira, o Dudu, irmão do atual prefeito da cidade, e mais dois ex-servidores públicos são acusados de serem os mandantes do crime. Um ex-policial foi condenado e pagou pena. O pistoleiro, acusado de ter apertado o gatilho, nunca foi encontrado.
Ronaldo Santana denunciava as mazelas na administração do então prefeito, Paulo Dapé. Especialmente falta de merenda escolar. Por causa disso ele sofreu agressões, chutes, pontapés e ameaças no plenário da Câmara de Vereadores de Eunápolis, durante uma sessão ordinária em 1997. Nenhum vereador da época se pronunciou contra o fato. Todos assistiram às agressões calados.
A impunidade é vista como um dos principais motores para que violência contra jornalistas continue acontecendo. Todo tipo de agressão é um caso grave.
“A gente tem as investigações frequentemente conduzindo a prisão de pistoleiros, mas a gente não chega ao mandante. E é o mandante que cala uma voz”, diz Guilherme Alpendre, secretário executivo da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).