Nesta terça-feira (20) estudantes e professores do Campus VXIII da Universidade do Estado da Bahia, em Eunápolis, realizam um Ato Político, Cultural e Solidário de Resistência e Luta, em protesto contra o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco do PSOL. O ato está marcado para às 17h.
“Marielle vive conosco porque viveu por nós. Viveu intensamente a luta das mulheres negras, a luta da favela, a luta LGBT. Viveu a luta contra o racismo, contra o machismo, contra todas as formas de opressão. Marielle fez da luta a sua casa, e assim fez seu grito ecoar pelas ruas e vielas, fez seu grito chegar aos corredores do parlamento”, dizem os manifestantes.
“Este grito ainda ecoa e ganhou as ruas de todo o país – as balas que atingiram Marielle não nos farão calar. Mostraremos, uma vez mais, que a sua luta resiste e multiplica-se, contra a militarização, contra o genocídio do povo negro, pela vida das mulheres”.
ENTENDA O CASO
A vereadora Marielle Franco (PSOL), 38 anos, foi morta na noite de quarta-feira (14) na zona norte do Rio. Ela e o motorista do carro em que estavam – Anderson Pedro Gomes – foram baleados e ambos morreram. Uma assessora que a acompanhava sobreviveu.
Ela voltava do evento “Jovens Negras Movendo as Estruturas”, uma roda de conversa na Lapa (centro), quando foi interceptada pelos criminosos.
A vereadora era aliada de Marcelo Freixo, que ficou em segundo lugar na eleição para prefeito do Rio. Segundo ele, nem o partido nem a família de Marielle sabiam de ameaças contra ela.
A morte ocorreu no momento em que a intervenção federal na segurança pública do Rio completa um mês. A medida, inédita, foi anunciada pelo presidente Michel Temer (MDB) em 16 de fevereiro, com o apoio do governador Luiz Fernando Pezão, também do MDB.
Temer nomeou como interventor o general do Exército Walter Braga Netto. Ele, na prática, é o chefe das forças de segurança do estado, como se acumulasse a Secretaria da Segurança Pública e a de Administração Penitenciária, com PM, Civil, bombeiros e agentes carcerários sob o seu comando.
O Rio de Janeiro passa por uma grave crise política e econômica, com reflexos diretos na segurança pública. Desde junho de 2016, o estado está em situação de calamidade pública e conta com o auxílio das Forças Armadas desde setembro do ano passado.
Não há recursos para pagar servidores e para contratar PMs aprovados em concurso. Policiais trabalham com armamento obsoleto e sem combustível para o carro das corporações. Faltam equipamentos como coletes e munição.
Em meio à crise, a política de Unidades de Polícia Pacificadora ruiu –estudo da PM cita 13 confrontos em áreas com UPP em 2011, contra 1.555 em 2016. Nesse vácuo, o número de confrontos entre grupos criminosos aumentou.
Apesar da escalada de violência no Rio, que atingiu uma taxa de mortes violentas de 40 por 100 mil habitantes no ano passado, há outros estados com patamares ainda piores.
No Atlas da Violência 2017, com dados até 2015, Rio tinha taxa de 30,6 homicídios para cada 100 mil habitantes, contra 58,1 de Sergipe, 52,3 de Alagoas e 46,7 do Ceará, por exemplo.