Após a operação Cartão Vermelho, da Polícia Federal, que apura irregularidades na contratação dos serviços de demolição, reconstrução e gestão do estádio Arena Fonte Nova, a bancada de oposição da Assembleia Legislativa da Bahia estuda abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
O exemplo dos deputados baianos serve para reforçar o quanto é deslavada a falácia de alguns vereadores de Eunápolis quando alegam estar fora da competência do Poder Legislativo a função de fiscalizar o Executivo, o que os impediria de aceitar a instalação de um CPI para investigar o prefeito Robério Oliveira (PSD), afastado do cargo como desdobramento da “Operação Fraternos”.
Em outras palavras, esses 13 senhores estão dizendo que não é necessário dar respostas aos eunapolitanos sobre a suposta conduta delituosa do seu prefeito.
E quem é o prefeito a quem esses vereadores querem dar salvo conduto?
Então lá vai. Fora uma série de outros processos, Robério Oliveira, prefeito de Eunápolis, foi condenado a deixar o cargo em duas outras oportunidades, em 2012 e em 2018, em ações condenatórias diferentes da Operação Fraternos.
Além disso, ele ainda responde a outra dezena de processos acusado de improbidade administrativa e fraude em licitações, em conluio com mais outro tanto de pessoas. É o mesmo homem acusado pela justiça de enriquecimento ilícito. De usar dinheiro público para desapropriar por R$ 400 mil um terreno avaliado por apenas R$ 25 mil, segundo o TCM. Um prefeito que acumula dívida milionária com multas e ressarcimentos impostos pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) por irregularidades cometidas à frente do cargo.
No jargão dos “canas” [ou no jargão da polícia], um indivíduo assim é conhecimento como criminoso contumaz, ou useiro e vezeiro, que é aquele velho conhecido da justiça por ter costume de fazer, repetidas vezes as mesmas coisas, sobretudo as coisas más.
Ou seja, se alguém resolve “puxar a capivara”, ou melhor, se alguém resolve consultar a ficha de antecedentes criminais de Robério Oliveira, vai se dar conta da temeridade que significa manter este senhor no cargo.
O tamanho dessa “capivara” [a folha corrida de Robério] só não é maior que o estrago que os seus desmandos provocaram na administração de Eunápolis. Falta de remédios é só um exemplo das consequências da má administração que salta aos olhos, e que somente começou a ser sanada este ano, após seu afastamento, por determinação da Justiça Federal.
A população de Eunápolis merece a chance de começar tudo novamente, de ter uma nova experiência administrativa. Chance essa que vem sendo negada por esses vereadores que se recusam a investigar o prefeito.
E isso por qual motivo? Seria somente por conta de empregos que seus familiares detêm na administração pública de Eunápolis, assunto que tomou conta das redes sociais? Claro que não.
É evidente que a nomeação para cargos sempre foi o melhor caminho para evitar a rebeldia dos parceiros do poder. A sabedoria popular costuma dizer que nada melhor do que uma “boquinha” para colocar cada um no seu devido lugar. Mas, seguramente, senhoras e senhores, não é somente por causa desses empregos que alguns vereadores sentem-se na obrigação de aliviar a vida de quem pratica corrupção.
Salvo melhor juízo, eu ainda prefiro acreditar na versão apresentada pelo vereador Jota Batista (PSC) ao plenário da Câmara: “Uma pessoa sozinha não desviou R$ 200 milhões de reais”. E mais, disse ele, “caso seja investigado o acusado não vai suportar sozinho, o peso dessas acusações”. Completou o vereador.
Em outras palavras, que tipo de sujeira pode vir à tona em uma possível oitiva do prefeito Robério Oliveira? Seria essa a sujeira que precisaria ser empurrada para debaixo do tapete a qualquer custo?
Jota Batista já falou bem claro.
Quem tiver ouvidos para ouvir que ouça.