Violência na BA é mais alarmante que no RJ, mas não precisamos de intervenção federal

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Números são de 2017 – Ilustração

POR FERNANDO DUARTE – A evolução dos índices de violência no Rio de Janeiro e na Bahia mostram que há uma diferença expressiva entre os dois estados. Enquanto os fluminenses assistiram uma redução paulatina dos índices, os baianos acompanharam assustados à nova configuração do quadro de homicídios ao longo dos últimos 20 anos, cujos dados foram compilados pelo IPEA no Atlas da Violência.

Apenas para ficar restrito a uma das variáveis, o número de homicídios, a Bahia registrou 39,5 mortes para cada 100 mil habitantes em 2015, frente aos 30,6 do Rio Janeiro. Em 1996, primeiro registro do Ipea, o número era bem diferente: 59,9 no Rio e 15,0 na Bahia.

As razões para os números tão distintos são tão diversas que ficaria difícil exemplificá-las. Vão desde a subnotificação no passado até a notificação com categorias distintas, como acontece atualmente. Essa última justificativa, inclusive, é uma das mais recorrentes da Secretaria de Segurança Pública da Bahia, que opta por questionar a origem dos números ao invés de provocar uma discussão sobre conteúdo dos mapas e atlas da violência disponíveis.

E a SSP, em certo ponto, está certa ao criticar a ausência de uniformização dos dados sobre o tema no Brasil. Cada estado trata, a seu bel prazer, as informações que deseja reportar, o que dificulta o tratamento sério de um dos maiores cânceres da sociedade brasileira: a violência.

Nem por isso precisamos na Bahia de uma intervenção federal para tentar coibir o problema. Essa é uma das razões pelas quais a intervenção no Rio de Janeiro não deveria ser levada completamente a sério. A situação lá sequer estava tão descontrolada como pregou o governo federal ao decretar o ato que transferiu a segurança pública para um comandante do Exército.

O Estado do Rio de Janeiro faliu ao longo dos últimos anos em virtude dos próprios governantes, que ruíram qualquer perspectiva otimista de futuro. Talvez nesse ponto governo e oposição na Bahia concordem: estamos longe do desgoverno que os fluminenses são vítimas (olha só, não eram os nordestinos que não sabiam votar?).

Nessas horas, é até bom que os olhos do marketing federal estejam voltados para a imagem do Rio de Janeiro e não para os índices de violência.

Afinal, não queremos uma intervenção por aqui. Já nos basta a briga entre Rui Costa e ACM Neto no noticiário.

Este texto integra o comentário desta quarta-feira (21) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM e Clube FM.

 

 

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