Construída em cima de fossas [milhares delas] que recebem os resíduos sanitários in-natura, em Eunápolis, apenas um em cada cinco moradores tem esgoto sanitário em casa. A cidade tem 113 mil habitantes e este é o quadro de 2017.
Para piorar o cenário, por causa da crise, os moradores continuarão vivendo nesta situação por muito mais tempo. Ou pelo menos até a campanha eleitoral do próximo ano, quando o governador Rui Costa deve voltar cidade para fazer as mesmas promessas de antes.
Embora o Ministério Público já tenha exigido a construção de uma tubulação de esgoto e a Embasa [companhia de Saneamento da Bahia] tenha prometido que iniciativa a obra em 2016, nada foi feito até agora. Com a crise, não há sequer uma previsão para que os trabalhos comecem.
Pior que isso é saber que Eunápolis está longe de ser exceção. Um levantamento de 2013 do Instituto Trata Brasil em parceria com a Fundação Getúlio Vargas analisou dados de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto e investimentos para criar um ranking, considerando apenas as cem cidades brasileiras com maior população.
Das dez piores colocadas, quatro são capitais: Porto Velho (a pior no quadro geral), Macapá, Belém e Manaus. Já entre as dez melhores há apenas uma capital: Curitiba São Paulo aparece em 34º e Rio de Janeiro em 56º lugar.
Os rombos no orçamento da União, mais os cortes nas despesas federais e os planos do governo de realizar uma reforma na previdência, criaram um cenário sombrio para os municípios que precisam de investimento, mesmo que os mais básicos.
No Brasil, metade das cidades não tem saneamento e apenas 34% tratam o próprio esgoto. O governo federal se comprometeu com a meta de que, até 2033, todos os brasileiros tenham coleta de esgoto em casa. Mas, ao que tudo indica, o suplício ainda vai perdurar bem mais.
A direção da Embasa não foi ouvida.