Alguma coisa esta fora da ordem quando o político é quem cobra o papel do eleitor

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Jota Batista – vereador – Foto: Arquivo

“Alguma coisa está fora da ordem mundial” [diz a música de Caetano Veloso], quando um vereador é quem vai à tribuna da Câmara para cobrar aos eleitores, aos munícipes, às organizações sociais, que cumpram sua parte como vigilantes da democracia; da transparência nos gastos públicos e mais, que fiscalizem os políticos.

Devia ser ao contrário. No Brasil da atualidade é comum encontrar o eleitor [esse sujeito que paga as contas dos políticos] reclamando da inércia dos seus representantes e governantes.

Já em Eunápolis ocorre justamente o inverso, como foi apontado pelo vereador Jota Batista durante a sessão ordinária desta quinta-feira, 23 de novembro, na qual ele usou a tribuna da Casa para convocar, reiteradas vezes, “o envolvimento da OAB, do Lions, do Rotary, das escolas, dos sindicatos, da maçonaria, enfim, do cidadão comum para que cumpra a sua parte e também, para que se posicionem diante da grave crise política e administrativa que Eunápolis atravessa quando o seu prefeito, eleito em 2016, está afastado de suas funções públicas após ter sido apontado em um suposto esquema de fraude em 33 licitações, organização criminosa e lavagem de dinheiro que teria gerado um prejuízo de R$ 200 milhões ao erário”.

Mas o povo “num tá nem aí pra isso”. Como diz Jota Batista, “parece que está tudo azul”, fazendo um trocadilho com a cor usada no material de campanha eleitoral usado em 2016 pelo prefeito afastado.

Primeiro eu acredito em “povos”, ou seja, vários segmentos dentro de um povo, em correntes de opinião, em militância de grupos organizados – e pouca importa se o que os incentiva é o Facebook, a mortadela com pão, o megafone, a música do paredão ou o sino de uma igreja. Não existe movimento popular espontâneo.

Segundo, a política, como se pode constatar, tem grandes imitações e esta forma de representação dos direitos do cidadão está em crise. Uma crise que se manifesta no divórcio entre os problemas para os quais a população exige uma solução e a capacidade dos políticos para enfrentá-los.

Assim, por exemplo, os debates Câmara de Vereadores tendem a perder conteúdo em virtude da diminuição da soberania popular. Por causa disso, o comparecimento às sessões da Câmara tornou-se irregular e insignificante.

Quase sempre o cidadão sabe que ali, nada do que será discutido vai se transformar em melhoria para sua vida ou para a vida da população. #ÉFato. #ÉFatão

Robério está fora da prefeitura de Eunápolis | Foto: Arquivo

Ademais, meu caro vereador Jota Batista, a desigualdade social e econômica em que vivemos juntada à corrupção endêmica do estado brasileiro, vem cepando a crença da população nos políticos em geral.

A falta de emprego no Brasil obriga o cidadão comum a fazer uma escolha entre a opção pelo desenvolvimento econômico e a democracia. Grande parte da população dá mais valor ao emprego do que à cidadania, inclusive, retiraria seu apoio de um governo democrático se ele fosse incapaz de resolver os seus problemas econômicos.

Funcionários do municípios, vestidos de azul, pedem a volta do prefeito afastado pela justiça – Foto: Arquivo

Vai daí que, de tempos em tempos o plenário da Câmara se “socializa em azul” para apoiar um ou outro prefeito afastado por suposto envolvimento em esquema de corrupção, mesmo que isso represente uma clara obstrução da justiça.

#Prato vazio, meu pirão primeiro.

 

 

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