O ex-prefeito da cidade de São Paulo Fernando Haddad disse nesta quarta-feira (04/10) que movimentos e partidos políticos de esquerda no Brasil passam por uma crise “muito diferente” da que atinge os protagonistas da América Latina.
A crise das esquerdas “no Brasil tem especificidades em função da política doméstica e da correlação de classes que, aqui, é muito diferente da América Latina num geral”, disse o político e economista. Sobre a origem dos problemas nas frentes progressistas, Haddad afirmou ser impossível separá-los da crise que atingiu o neoliberalismo em 2008.
“Não podemos dissociar a crise das esquerdas na América Latina com esse processo estrutural da economia global”, disse o ex-prefeito que, junto com a historiadora Marly Viana, compôs a mesa “Sistema soviético: debates e controvérsias” no Simpósio Internacional 1917-2017, em comemoração ao centenário da Revolução Russa, na Faculdade de Letras, Filosofia e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP).
REPRODUÇÃO
O economista formado pela USP ainda ressaltou a importância da revisão de conceitos utilizados por movimentos de esquerda e de um “balanço histórico” da Revolução Bolchevique de 1917. “Devemos fazer um balanço histórico da revolução que, por meio século, ocupou um papel de acumulação e expulsão das pessoas do campo”, afirmou Haddad.
O ex-prefeito também declarou que a URSS teria se transformado em um regime “despótico” e sob conceitos capitalistas: “A União Soviética se transformou numa monstruosa engrenagem do despotismo oriental, buscando uma sociedade capitalista”, disse. POR ÓPERA MUNDI.