Custo humano do nosso modelo de nação é pago pelos mais vulneráveis

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Após uma década de queda na miséria, o número de brasileiros em condição de extrema pobreza voltou a subir em 2015 – Foto: Rio Amazonia

A propósito de tantas notícias de corrupção envolvendo políticos e empresários, penso que vivemos hoje um processo muito singular: não fomos devastados por nenhuma guerra, não padecemos os efeitos de nenhum furacão nem as agruras de um período revolucionário, e no entanto nos encontramos mergulhados numa profunda crise social, econômica e moral, cujo preço, em termos de vida e sofrimentos humanos, está sendo maior que o custo de muitos conflitos bélicos para outros povos.

Só para dar um exemplo, desde 2015 a extrema pobreza voltou a crescer no país. Segundo dados divulgados pela Síntese dos Indicadores Sociais (SIS), “a quantidade de famílias com rendimento per capita inferior a 25% do salário mínimo vem subindo há dois anos”.

Essa classe da sociedade saltou de 8% em 2014, para 9,2% em 2015 e chegará a 10% até o final de 2017. Isso não acontecia desde 2009.

De acordo com as projeções feitas em um estudo do Banco Mundial, o número de pessoas pobres subirá de 17,3 milhões para 19,8 milhões até o final deste ano. Serão 2,5 milhões de “novos pobres”, na definição do estudo.

De fato, todos os indicadores sociais dos últimos anos demonstram que o custo humano do modelo de Nação que estamos implantando até aqui está sendo pago exatamente pelos mais vulneráveis de todos os brasileiros – nossas crianças e jovens, exatamente aqueles que num naufrágio devem ser salvos em primeiro lugar.

Pois no naufrágio patente do nosso modelo de sociedade [com ilhas de modernidade, mas em verdade ainda arcaica] temos jogado ao mar exatamente o nosso mais precioso tesouro, com a inconsciência de alguém que serrasse, do lado do tronco, o galho da árvore em que estivesse sentado.

Se “o maior patrimônio de uma nação é seu povo e o maior patrimônio de um povo é constituído por suas crianças e jovens”, o Brasil tem feito justamente o contrário e lançado todos ao mar.

 

 

 

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