Foto – J. Góis
O nostálgico vereador eunapolitano Aderbal Dias resolveu usar quase 20 minutos do tempo do contribuinte para lembrar o delírio desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek de Oliveira. E ainda transformou o grande expediente em um jogral de estudante do antigo ensino fundamental, quando os professores de história nos obrigavam a conhecer as biografias dos “heróis nacionais”.
Ironicamente, nenhum fator contribuiu tanto para aumentar a miséria e a ignorância do Brasil quanto a principal obra de JK: Brasília. Imaginem que até o Fundo Monetário Internacional orientou JK a segurar os salários e cortar os gastos públicos. Não funcionou. JK continuou a gastar.
Para realizar tantos investimentos, o governo de JK realizou pesadas emissões de papel moeda e abriu nossa economia para o capital estrangeiro. Com essas duas medidas, as divisas geradas pelas multinacionais instaladas no Brasil eram desviadas para seus países de origem e a emissão de moeda iniciou uma grande desvalorização monetária e a consequente inflação.
Para lembrar os Desvios de Verbas e Mega-Obras, sem contar a série de reportagens na imprensa, o jornalista Diogo Mainardi escreveu várias artigos sobre o tema, a exemplo de VEJA 21/mar/2001. É interessante ver abaixo a análise econômica da época.
“É revelador de nosso atraso que JK ainda seja considerado um modelo de governante. Difícil imaginar algo que tenha causado mais danos ao Brasil que sua retórica populista de “crescer cinquenta anos em cinco”. Teria sido muito melhor crescer cinco anos em cinquenta. JK administrava o país com a mentalidade provinciana de um prefeito de Belo Horizonte, acreditando que a riqueza pudesse ser criada artificialmente pelo Estado, através do aumento descontrolado dos gastos públicos. A seguir, construiu Brasília, a mais cara e inútil de suas obras. O resultado desse descalabro econômico foi o crescimento de 64% da dívida externa. O déficit de caixa pulou de 1% do PIB para 2,6%. A taxa inflacionária dobrou, atingindo o maior nível desde 1890. Os impostos elevaram-se 16%, sobretudo para cobrir o custo das monstruosidades arquitetônicas de Brasília. Os nostálgicos de JK costumam rebater que, durante seu mandato, o PIB cresceu uma média de 8,1% ao ano. Mas é um dado enganoso. A renda per capta do Brasil, calculada em dólares, subiu apenas 7% entre 1956 e 1960. No mesmo período, a dos Estados Unidos subiu 11%. A do México, 16%. A de Taiwan, 18%. A do Japão, 34%.”
Voltei. Felizmente, a sessão da Câmara de Vereadores de Eunápolis foi salva pelo discurso de Antônio Gonçalves. Ele usou o tempo do contribuinte para cobrar ao governo do Estado a instalação das UTIs do Hospital Regional de Eunápolis.
Por Rose Marie Galvão